Por Luciano de Jesus Gonçalves (IPV Voldac)
"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou- me restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e abertura de prisão aos presos." Is. 61.1
Todo ser humano anseia por liberdade. Independente de sua condição social ou financeira, todos desejam viver em estado de liberdade. Existem diversos conceitos de liberdade, como existem várias prisões e maneiras de encontrarmos nos cativos. Existe a prisão ao vicio... A do leito de enfermidade... A das prepotências e arrogâncias... Para Pitágoras só era verdadeiramente livre aquele que domina a si próprio. Para Cecília Meirelles a liberdade é um sonho que todo mundo almeja, que todos desejam, mas ninguém sabe exatamente o que é.
A maior liberdade só pode ser encontrada em Cristo Jesus na sua verdade libertadora a alcance a todos que buscam em conhece - lo. Liberdade está que passo a contar a partir de agora.
Como muitos jovens perdidos pela sedução do mundo, cedo passei a usar drogas. Com 16 anos de idade já era viciado, e havia começado minha incursão numa vida que para muitos foram sem volta. Assaltos... Homicídios... Trafico... Armas... Bailes Funk... Viagens a São Paulo, Rio e Minas Gerais fazendo às vezes fazendo papel de mula ou de matuto. Ainda muito jovem com experiência na bagagem diante de muitas pessoas alienadas a este mundo ou que já estavam vivendo há um tempo esta vida. Liberdade que para mim era isso e não existia maior sentimento de liberdade na minha embriaguez de um pseudo sucesso.
Aos 18 anos, cego pelo inimigo de nossas almas fiz pacto com o diabo dentro de um centro de macumba, cuja mãe de santo hoje é minha irmã em Cristo Jesus e diaconisa da IPV. Aos poucos fui tendo síndrome do pânico, e foi ficando perturbado pelo diabo. Pegava-me falando sozinho às vezes e conversando com os demônios que me assolavam pedindo para eles irem embora. Isso durou por algum bom tempo que não me recordo exatamente, apenas me lembro de uma senhora de idade da igreja do EVANGELHO QUEDRANGULAR que todos os dias me chamava para ir ao culto adorar a DEUS, pois ELE tinha uma grande obra na minha vida a se realizar. Naquela ocasião achava em vão, cresci ouvindo de meu pai que era para mexer com macumbeiro, mas não mexer com crente. Que praga de crente é pior do que macumba. Hoje vejo que estava sendo lançada a Palavra em meu coração que não volta vazia. Fui ficando perturbado ao ponto de perder namorada, amigos e boas oportunidades, e cada vez mais iludido e preso nas garras do maligno.
Quando tentei sair o diabo havia dito que faria me sofrer muito, assim mais perturbado, viciado e revoltado ficava com um ódio crescente a cada dia inimaginável dentro de mim. Meus irmãos, um espírita kardecista e outro da umbanda buscavam me ajudar conforme suas religiões, mas o reino dividido não prevalece. Só mudava os endereços, pois o personagem principal era o mesmo.
Aos 19 para 20 anos minha primeira prisão. Revolta, mágoa, rancor e ódio no coração... Mas muito ódio... Esses foram os sentimentos que o sistema e o inimigo de nossas almas plantaram e tratou de regar dentro de mim. Na verdade quem entra no sistema saí pior do que entrou. Falido e superlotado é incapaz de gerar ressocialização, a não ser por si próprio; mas o cruel sistema e o incansável inimigo satan se encarregaram de me cegar para não poder enxergar que era possível mudar de vida. Foram um ano e dez meses passando por algumas delegacias e no Instituto penal Plácido de Sá Carvalho no complexo de Bangu, aonde ali comecei a ouvir de um Deus vivo que liberta o homem da prisão e dá dignidade, caráter e expectativas para aqueles que viram suas esperanças naufragarem.
Todos os dias os Evangélicos colocavam caixa de som na quadra para evangelismo e falar da palavra de Deus aos outros que se encontravam como eu. Ainda com o coração duro ouvia a palavra de Deus e quando começava a quebrantar o diabo se encarregava de arrebatar a semente do meu coração. Às vezes ia para minha cela ouvir louvor e logo ouvia um, a voz com um vocabulário bem vulgar cheio de gírias que dizia: Ta fraquejando parceiro vai se esconder atrás da Bíblia também! Nós somos sinistros qual foi? Era o diabo enviando os parceiros da época para me impedir de ouvir a palavra de Deus.
Após um ano e dez meses fui embora e voltei para minha casa. Porém pior do que entrei e ainda mais perdido e sem rumo. Cheio de tramas, capciosidade e bacharelado agora no crime, formado dentro do sistema penal, pronto para executar os planos correr atrás do prejuízo... Uma máquina pronta para ser usada nas mãos do inimigo cheio de revoltas e raiva. Na verdade mais cativo na ignorância e numa prisão que ia além das grades física que restringiam minha liberdade me deixando recluso que acabava de me libertar após um ano e dez meses.
Nesse período Deus começara a executar seu plano na minha vida, para me resgatar, enquanto eu relutava mais e mais cegado pelo inimigo satan. Todo o dia ia um crente bater na minha porta ou me procurar pelas ruas para me levar para a igreja e dizendo que Deus tem uma grande obra na minha vida. Certa vez me interessei por uma garota que era amiga de infância. Vi que conseguia despertado nela o mesmo interesse, porém me dissera que me namoraria somente se eu fosse à escola com ela. Naquela hora disse para mim: Só pode ta ficando maluca de maneira nenhuma, como vai ficar minha situação mediante a vida que estou vivendo.
Assim DEUS insistentemente procurava me trazer para sua presença, enquanto me esquivava de todas as maneiras possíveis, até que fui embora para a cidade serrana de NOVA FRIBURGO, no bairro de Olaria por causa de um mandato de prisão gerado na Delegacia de Volta Redonda. Mesmo ali não deixava de lado os contatos que dependiam de mim e vice versa para as transações criminais que fazíamos.
Periodicamente me deslocava até Volta Redonda. A saudade da família, da namorada que não levei para Nova Friburgo e os pseudos amigos faziam com que eu viesse para Volta Redonda. E numa dessas idas e vindas, num bairro de Volta Redondo, enquanto fazíamos uma reunião para planejar um crime que iríamos cometer, fomos cercados por mais ou menos nove homens encapuzados que entraram onde estávamos e atiram a quase queima roupa em nós. Ao corrermos, pois estávamos desarmados naquela hora, foi alvejado nas pernas e caí, e quando caí os demais tiros pegaram em quem estava na minha frente, e ali caíram dos jovens um já morto e o outro me pedindo ajuda, um jovem de dezessete anos que havia passado ali somente para nos cumprimentar e mais nada. Tentei tira-lo dali mesmo baleado. Cada vez que o arrastava o escutava dizendo: Pelo amor de Deus, não me deixa morrer! Os tiros começaram a se aproximar pelos clarões das pólvoras, e então tive que largar aquele jovem para não morrer; por muitos dias escutei sua voz gritando meu nome e pedindo para não deixá-lo ali, ou eu me salvava ou morria nos dois.
Baleado, quando me dei por conta estava dentro da casa de uma família que me tinha como filho adotivo, no crime arrumamos muitas mães, e quando me dei por conta cercaram a casa e tentaram entrar pela porá da cozinha. Naquela hora meu medo já não era morrer, pois já a tinha como certa, mas sim a vida dos inocentes daquela família que me tinham como filho e eu como um bastardo poderia fazer com que fossem mortos por minha causa. Mas DEUS estava no controle de tudo e seria mais um livramento dentre tantos outros que o SENHOR me daria ali. Foi então que comecei a clamar a DEUS e invocá-lo para que não deixasse que entrassem ali a matassem toda aquela família. Como uma pessoa apenas conhecia um Cristo fraco, magricelo e triste pregado parede da igreja católica em que fiz eucaristia e crisma e que depois se envolvera com macumba, o DEUS VIVO que adoro, era alienado para mim. Então na minha ignorância DEUS me ouviu e fez com que desistissem de entrar naquela casa.
Como estava baleado não pude ir embora ao dia seguinte, tive que ficar escondido por mais dois dias, e DEUS me guardando debaixo de suas asas. Foram dois dias que vi o mesmo filme passando na minha cabeça, e a miséria da vida que estava levando bem adiante de meus olhos. Logo um desejo de ver minha família, mãe... Deus começava ali me quebrar. Sentia-me um nada! Toda arrogância, prepotência foi trocada por um olhar vazio e fundo de tristeza e ao mesmo tempo de gratidão a DEUS por ter me livrado do sepulcro da morte por mais uma vez.
Sem poder ir ao médico por causa do mandato de prisão, e assim ficar preso, DEUS enviou uma enfermeira da localidade para cuidar de mim e minha sorte fora que os tiros que levei atravessaram minha perna e não alojaram no corpo.
Dois dias depois fui embora para NOVA FRIBURGO e na mesma tarde do dia que cheguei, já na varanda da minha casa, passa uma varoa da Assembléia de Deus e olhando nos meus olhos pede para falar comigo. Relutei. Não dei atenção. Então ela insistira, e por causa da sua insistência acabei permitindo. Muito amável com uma voz bem amiga e suave me disse:
- Não sei o que o irmão faz aqui e nem porque está aqui. Mas DEUS me revela que preparou esse lugar aqui como cidade de refugio para você. Deus tem uma obra imensa para começar na vida do irmão, e que o inimigo por vezes tentou ceifar a sua vida porque ele sabe do grande projeto que Deus tem para ti. Não olhe para as vidas que se perderam, na sua vida ele não toca.
Muito desconfiado suspeitei. Achei que alguém poderia ter contado alga para aquela mulher, mas como se havia eu chegado há poucos minutos de Volta Redonda. Olhando ela e percebendo o que se passava na minha cabeça, disse ela:
- O irmão está tirando prova de DEUS? DEUS me revela que você está baleado nas duas pernas uma na coxa e outra na altura da canela!
Bons aí já não tiveram mais dúvidas e passei a freqüentar a igreja com essa irmã todas as quintas-feiras, culto de libertação e num belo dia após dois meses indo assiduamente num culto de doutrina confessei JESUS CRISTO como meu SALVADOR E SENHOR da minha vida.
Logo o SENHOR me libertou dos vícios e começou moldar em mim um novo caráter, só que eu tinha um mandato de prisão e tinha que resolver essa situação, pois eu andava com documentos falsos com medo de ser preso novamente. Um belo dia chegando do trabalho fui preso dentro de minha casa, por uma denuncia anônima. Os moradores do bairro se mobilizaram ao meu favor e os policiais ao ouvirem sobre minha conduta não me algemaram.
Um mês na delegacia de NOVA FRIBURGO e depois fui transferido para delegacia de Volta Redonda, mas já novo convertido e começando a entender o propósito de DEUS e a razão da minha prisão.
Um dia chamei o carcereiro para conversar e solicitei a ele uma cela em que pudesse colocar somente os presos que desejassem buscar e adorar a DEUS e como troca lhe ofereceria uma cela adimplente às normas estabelecidas por ele. DEUS estava no controle de tudo não só concedeu a cela como regalias que nenhuma outra possuía nem mesmo os que estavam em celas especiais.
Certo dia pela galeria imunda e fedendo lavagem e lixo podre, entra por elas vozes proféticas anunciando libertação em Cristo e amparo e cuidado aqueles que estão com um fardo pesado sobre seus ombros. Eram vozes que ecoavam diferentes para mim, pois nelas havia encontrado similaridades e desejo que minha voz se misturasse a elas. Quando me levanto e achego me as grades porta da cela percebi alguns rostos felizes por estar ali profetizando vida sobre aquele vale de ossos secos. Não entendia muito bem, porque daqueles semblantes, mas abrilhantou o meu também e logo a esfera local havia ganhado um som de paz. Perguntei a eles quem eram. E me disseram ser da igreja IPV e que estavam ali pára anunciar o evangelho de Cristo. Apresentei-me como irmão em Cristo e outros que estavam ali comigo naquela cela também se apresentaram e passamos há todas as semanas a aguardar os irmãos com maior carinho, era como fosse uma visita para nós e para muitos que familiares tinham abandonado. Logo outros foram se agregando a nós fruto da Obra do ESPÍRITO SANTO por meio de todos que iam ali falar do AMOR DE DEUS. Ali passamos a tomar santa ceia que os irmãos da IPV na pessoa do Senhor Alegria, Zé Carlos e entre outros se preocupavam de levar ali para nós. Na delegacia tínhamos vigília, libertação, batismo com ESPÍRITO SANTO e muita unção de DEUS.
Hoje já se passaram alguns anos após esses fatos. Hoje não tenho mais meus 20 anos, hoje tenho 33 anos a completar e foram 12 anos dentro do sistema penitenciário de Rio de Janeiro e oito deles evangélico. DEUS investiu maciçamente na minha vida durante esse período. Cinco anos dando aula de escatologia e hebraico básico dentro do cárcere, separado com pela assembléia de DEUS em parque fluminense em Caxias, PR VICENTE PAULO, como auxiliar de trabalho. Já chamado para o diaconato algumas vezes, mas entendi que ainda não era a hora, evangelizando em oportunidades na central do Brasil, pregando em diversas igrejas no RIO e grande RIO e desde janeiro de 2011 membro da igreja IPV cujo onde as similaridades me trouxeram até aqui e não vejo outro solo fértil para mim a não ser este aonde um dia alguns irmãos se preocupavam em levar a santa ceia numa delegacia para mim e outros que amavam a DEUS.
A verdadeira Liberdade se encontra no recebimento PALAVRA QUE LIBERTA dos Cativeiros do pecado e da ignorância não prevalecem diante da face de DEUS.
Libertação através de Jesus
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